«É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
Estas palavras bastariam para percebermos, à partida, do que nos fala a Liturgia deste último Domingo do Tempo Comum. Ajudados pela Palavra de Deus somos convidados a tomar consciência da realeza de Jesus. A Palavra de Deus deixa claro que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza, completamente diferente, que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus.
A primeira leitura anuncia-nos que Deus vai intervir no mundo, através de um “filho de homem” que vai aparecer “sobre as nuvens”, a fim de eliminar toda a espécie de maldade. Os cristãos verão nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.
Na apresentação feita pelo autor do Livro do Apocalipse, os cristãos são convidados a ver Jesus como o centro da história “aquele que é, que era e que há-de vir, o Senhor do Universo”, e a fazerem d’Ele a coordenada fundamental à volta da qual se constrói a existência humana, em geral, e a existência cristã, em particular.
Não é por acaso que o Evangelho de hoje nos apresenta um quadro dramático,
Jesus está diante de Pilatos como um criminoso, e “ironicamente” assume a Sua condição de rei. Esta junção de realidades revela-nos que a realeza reivindicada por Jesus não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como acontece com os reis da terra. A missão “real” de Jesus é dar “testemunho da verdade”; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha e no dom da vida.