► Igreja Matriz
► A Igreja da Misericórdia
► A Capela de Nossa Senhora da Agonia
► A Capela de São João
► Convento de Santo António
► O Pároco
Igreja Matriz
Trata-se do mais sumptuoso templo de todo o Alto Minho e, embora de raiz gótica, revela nítidas sobreposições manuelinas e renascentistas.
A sua construção começou em 1488, apenas vindo a ficar concluída em 1556.
É toda de granito, com a sua robusta torre lateral, despertando, no primeiro relance, uma impressão de igreja-fortaleza de feição românica, o que se torna incontestável, tanto pela fachada como pelo flanco ocidental. A sua estrutura ressente-se ainda da antiga tradição medieval dos tempos ambivalentes: lugar de culto e lugar de defesa. Na raiz do gótico declinante lateja o velho tropismo defensivo das primeiras igrejas afonsinas, mas sobre o cuidado da robustez é notório o anseio da gratuita levitação. Bastará reparar no coroamento florido dos dois botaréus do alçado frontal, nas ameias estilizadas da torre, na própria rosácea e, sobretudo, na platibanda que orla a cornija de toda a cabeceira, obra de cantaria quase tão apurada como a da Sé de Braga.
O portal lateral, voltado a poente, constitui a mais viva expressão de ímpeto artístico visível no exterior do templo, o qual, no seu conjunto, é uma pequena obra-prima de composição e de expressões vivas.
Interiormente a Matriz de Caminha é um templo vasto, dividido por três naves amplas, com duas séries de arcos redondos de volta inteira que separam as naves entre si, apoiando-se em elegantes colunas cilíndricas. Mede quarenta e cinco metros de comprimento. O seu tecto de alfarge, em estilo mourisco mudéjar, feito de madeiras de várias qualidades, não conhece rival nas igrejas portuguesas, a não ser na Sé-Catedral do Funchal. E de tal maneira ele se enquadra no renascentismo dos retábulos da capela-mor e das capelas de Nossa Senhora da Piedade e do Bom Jesus dos Mareantes, que a harmonia é completa.
Um dos mais belos retábulos, dos vários que aqui existem, é o da Capela do Santíssimo Sacramento, encimado por uma imagem de Jesus Cristo e tendo ao lado, divididos por três ordens de nichos, os doze apóstolos.
O sacrário já é de outra época e estilo, podendo rodar e apresentando os passos da Paixão de Cristo: o Senhor no Tabor; o Senhor na Colina; o Senhor na Prisão, O Senhor da Cana Verde (Ecce Hommo); o Senhor dos Passos e a Crucifixão. No andar superior do sacrário notam-se duas figuras de anjos e a imagem de S. João Baptista, e logo abaixo, em nichos inferiores, S. João, S. Marcos e S. Lucas. Ladeiam-no ainda duas figuras alegóricas.
Quanto ao retábulo da Capela de Nossa Senhora do Rosário, é moderno, embora de apreciável Execução. Representa a árvore de Jessé, em que se desenvolve a genealogia da Virgem Maria, com os doze reis seus descendentes. A imagem da Senhora está colocada no mais alto da árvore. É um trabalho do grande mestre da escultura religiosa Manuel de Azevedo, natural de Barcelos, mas por essa altura a residir em Viana do Castelo.
- C. Azevedo, in “Portugal Moniumental”, Tomo I
A Igreja da Misericórdia
Caminha, praça de armas e velho burgo fronteiriço, porto convergente de vias fluviais e terrestres, de todos aqueles que, quer em missões comerciais, quer como peregrinos dirigindo-se a Santiago de Compostela, aqui passavam, e vivia um movimento intenso de viajantes que, durante alguns dias aqui permaneciam, descansando antes de retomar a viagem.
Em 1499 fundava-se a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia, cuja ermida se situava fora de muros há já muitos anos, e no local onde mais tarde se viria a fazer o convento de Santa Clara.
Com a aparecimento das Misericórdias, foi fundada em Caminha, em 1516 a Santa Casa da Misericórdia, tendo neste ano o compromisso, idêntico ao da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mais velho que a nossa 18 anos. Este compromisso viria a ser confirmado por D. João III, no ano de 1537.
A Igreja da Misericórdia viria a construir-se na sequência de um pedido dos Caminhenses, com os seguintes privilégios: que a Igreja que edificassem da invocação da virgem Nossa Senhora da Misericórdia e que tal igreja fosse isenta de toda a jurisdição e somente reconhecesse sujeição à Sé apostólica e à Igreja Lateranense e que na tal igreja pudessem ter campanários, sinos, cemitério para enterrar os mortos, ter altares, pia de baptismo, com casas, oficinas e mais coisas necessárias à dita igreja e aos irmãos da dita casa e aos que todos nela fossem sucedendo.
Foi atendida a petição dos Caminhenses a 5 de Dezembro de 1546. De imediato se começou a construir a Igreja, que ficou concluída em 1551. A primeira missa foi dita numa quinta-feira, dia 21 de Maio de mesmo.
A Capela de Nossa Senhora da Agonia
À entrada sul da nossa vila de Caminha, ergue-se em pleno coração do bairro piscatório, a bicentenária capela em honra de Nossa Senhora da Agonia, Padroeira da gente do mar de Caminha.
A Capela de Nossa Senhora da Agonia, foi edificada em 1766, no local onde existia um nicho da Senhora desta invocação. Este lugar era conhecido por Calvário e pertencente à freguesia de Vilarelho.
Os irmãos da Confraria de Nosso Senhor dos Mareantes, pediram a construção desta capela para assim poderem ouvir missa antes de irem para o mar.
Caminha através dos tempos in “Caminiana”
A Capela de São João
A Capela de S. João é muito antiga, ignorando-se porém a data da sua construção. O seu local primitivo, era em frente ao actual, mas situada no meio da Rua do Vau. Com o alargamento e continuação desta rua, nos fins do século XVI, teve que transferir-se para o local onde ainda hoje se encontra e onde estava o açougue. Com esmolas começou a fazer-se a transferência para o local actual. Porém, como as esmolas não chegavam, Brás Pitta Leite ofereceu-se para acabar a reconstrução da Capela, desde que ficasse por padroado dela.
Cfr. Caminha através dos tempos in “Caminiana”
Convento de Santo António
Abstraindo-nos de considerações de natureza confessional, mas usando como pretexto a cerimónia de beatificação neste dia 21 de Maio, em Lisboa, da sua co-fundadora e primeira Madre Superiora, Irmã Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899), não podemos deixar de assinalar a mais que centenária ligação de Caminha à congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, cujo Convento de Santo António ainda hoje domina, a meia-encosta do monte de Santo Antão, a vila da foz do Minho. Apesar de nascida em Lisboa (Amadora), com o nome comum de Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Teles e Albuquerque, e de ter falecido na mesma cidade, a nova beata católica tem a sua história pessoal relacionada com Caminha.
Estava-se em Março de 1954 quando a Câmara Municipal, presidida por Francisco Dantas Carneiro, respondeu positivamente a um “pedido da Madre Geral da Ordem das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas, acedendo à trasladação do Segundo Cemitério de Lisboa para a Igreja de Santo António, sita na sede do Convento daquela ordem, nesta vila, dos restos mortais do Reverendo Padre Frei Raimundo dos Anjos Beirão, falecido em 1878, e de Libânia do Carmo Galvão de Mexia de Moura Teles Albuquerque, falecida em 1899, que foram, respectivamente, o fundador e a primeira Madre, também fundadora, da referida ordem em Portugal” (Acta da CMC, 26-3-1954). Os restos mortais de ambos os religiosos aqui repousaram por mais de trinta anos — em 1988 foram novamente trasladados para Lisboa — o que faz perceber a importância que chegou a assumir o convento de Caminha no seio desta ordem feminina hoje disseminada por catorze países.
A congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, consagrada em 1876 pelo Papa Pio IX, veio para o Alto-Minho muito cedo — no ano seguinte já havia uma comunidade em Viana do Castelo — mas instalou-se em Caminha em 1898 por uma razão concreta. Uma das responsáveis da ordem, Rosa Maria Joaquina de Sousa — de nome religioso, Irmã Maria Madalena de Cristo — era caminhense de nascimento e tinha acabado de adquirir às suas custas o edifício devoluto do antigo convento franciscano de Santo António, erguido nos idos de 1618 para albergar os frades da Ínsua e encerrado desde 1834, quando da extinção das ordens religiosas pelos liberais. O papel central que esta mulher desempenhava na sua congregação afere-se pelo facto de, passados dois anos, em 1900, pouco depois do falecimento da fundadora Maria Clara, ter assumido o lugar de Madre Superiora, função que desempenhou até 1906. Rosa Maria Joaquina de Sousa, que noutro lugar considerámos como a caminhense que mais elevada posição nacional alcançou até aos dias de hoje, nasceu em 1842, filha de Fernando Joaquim de Sousa, escrivão da administração do concelho e couteiro da Mata do Camarido, e de Bernarda Clara de Sousa, sendo irmã de Ricardo Joaquim de Sousa (18261894), negociante e político que dá hoje o nome à Rua Direita. Não se conhecendo pormenores da sua infância e juventude no seio de uma abastada família, sabe-se que contava já com 36 anos quando entrou em 1878 para a congregação, há pouco criada, das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras. Foi uma mulher de forte personalidade, como se percebe por vários episódios da sua vida, nomeadamente em 1910 quando a República encerrou compulsivamente o convento e o colégio anexo, frequentado por crianças de tenra idade de ambos os sexos e onde também se leccionava a instrução primária a meninas internas ou externas de alguma condição social. Como se não bastasse, as religiosas foram ainda obrigadas a deixar outros serviços de apoio educativo e de enfermagem que desempenhavam na vila, no Asilo de Infância Desvalida Silva Torres e no Hospital da Misericórdia, forçando-as a adoptarem a vida secular ou então a partirem para Tui, onde muitas se refugiaram e aí fundaram uma comunidade que ainda hoje subsiste. A falta das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras foi bem sentida em Caminha e não demoraria muito que a Câmara Municipal — por intermédio de Dantas Carneiro, na sua primeira e curta passagem pela presidência, em 1918 — se dirigisse directamente a Rosa Maria Joaquina de Sousa para lhe pedir que voltasse a montar um estabelecimento escolar na casa “a qual lhe pertence”. A resposta foi pronta e as freiras regressaram ao convento pelo início dos anos vinte, sendo certo que em 1925 ali foram promovidas obras de ampliação. Em 1928, ano em que faleceu a notável religiosa caminhense — os seus restos mortais encontram-se hoje no mesmo lugar de onde foram retirados os dos fundadores — o edifício conventual passou a pertencer à congregação que foi alargando as suas valências nas décadas seguintes. Para além da tradicional guarda e instrução infantil, ali passou a funcionar um colégio de formação missionária, com o respectivo noviciado, a que acrescia a acção social concretizada pela oferta de uma refeição diária aos pobres da vila, o chamado “caldo de Santo António”. A dimensão do Convento-colégio de Santo António em meados do século XX é atestada pelo número de cento e vinte religiosas que ali residiam quando, no dia 26 de Abril de 1957, um brutal incêndio o consumiu inteiramente, salvando-se as vidas, grande parte do recheio e a Igreja anexa pela pronta intervenção dos bombeiros da vila e das corporações vizinhas de Vila Praia de Âncora, Vila Nova de Cerveira e Viana do Castelo, ajudados por muitos populares. A Câmara pôs então à disposição das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras as instalações do Asilo Silva Torres, enquanto duraram as obras de recuperação do edifício, que foi reconstruído entre 1960 e 1963 com as ajudas do município, do governo e de numerosos benfeitores. Passou entretanto o tempo em que as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras serviam no Asilo (depois Internato) Silva Torres e ainda no Hospital da Misericórdia, onde asseguraram décadas a fio os serviços de enfermagem e de apoio ao domicílio. Na actualidade, a sua acção circunscreve-se ao Convento-colégio de Santo António, onde desenvolvem actividades de suporte à terceira idade de religiosas da ordem, a assistência social aos mais necessitados (no Centro Mãe Clara), bem como o ensino pré-escolar de crianças dos 3 aos 5 anos, mantendo-se pois viva neste início do século XXI a forte relação entre a vila sede do concelho e esta congregação a quem todos os caminhenses, independentemente das suas opções confessionais (ou ausência delas) muito devem, merecendo o respeito da comunidade e amplamente justificando a devida honra por parte da edilidade que a representa.
O Pároco
Padre Rui Filipe Gonçalves Rodrigues
Nasceu em Monção a 24-02-1982
Foi ordenado sacerdote a 27-07-2008